A História!

A história que eu vou contar por meio do blog vai ser postada em pequenas partes (capítulos) na medida em são escritas. Trata-se de um épico, uma espécie de mitologia moderna baseado em questionamentos modernos. A busca pelo poder, a importância da religião, a intolerância cultural...

Para acompanhar a história, siga os links dos capítulos (em ordem decrescente) no "Arquivo do Blog" (à esquerda) ou sigam os capítulos abaixo.

Espero que gostem e, bem-vindos à Hae.

31.12.10

A Queda da Nova Terra [parte 1]

Esse próximo capítulo será dividido em duas partes para facilitar a leitura*


    Três Uminis vagavam na floresta agora, os três saqueadores expulsos de Garridän. 
Sua expulsão foi a primeira a acontecer naquele povo, nunca nada como aquilo havia sido feito antes. Eles pouco tempo tiveram para pegar pertences antes de serem expulsos, estavam vagando sem comida e com umas poucas ferramentas para caçar. Eles partiram floresta adentro assim que saíram do território da cidade. Andaram por quilômetros, dia após dia. No final do terceiro dia foram surpreendidos por Uminis de origem desconhecida. Estavam andando na floresta quando avistaram em meio as arvores uma movimentação à frente. Eles pararam e observaram. Eram um bando grande, todos com roupas pesadas, roupas que aparentavam serem armaduras. Alguns andavam montados em tílarons, animais grandes e rápidos, muito parecidos com cavalos. Eles permaneceram imóveis, apenas na espreita, temendo serem atacados pelos Uminis, que inclusive carregavam ferramentas que aparentavam serem armas. Os uminis desconhecidos se aproximaram, pararam, e seguiram em frente, cruzando logo em frente a eles, que escavam escondidos no mato. Por alguns momentos esperaram, até que o bando estivesse distante. O bando passou e eles finalmente saíram de onde estavam. Não faziam idéia de quem eram eles, mas sabiam que deveriam manter distância. Eles haviam acabo de sair, estavam entrando na trilha em que o bando acabara de passar, eis que foram surpreendidos:

— Vocês! Parem onde estão! — Disse um Umini, que apareceu de repente detrás de um dos saqueadores, com um tipo de arma de ferro, cumprida e cortante, uma em cada mão.

    Os três pararam, e então surgiram mais três Uminis armados nos arredores.

— Nós estamos perdidos! — Falou um dos saqueadores enquanto trocava olhares com os outros dois, tendo cautela no que falavam.
— De onde são vocês?

    Novamente os três se olharam pensando no que responderiam.

— Respondam logo! Não me custa nada matá-los aqui mesmo, gente de outro povo.

    Nesse momento, temendo serem mortos ali na floresta, um dos três se pronunciou:

— Nós viemos de Garridän. Nós deixamos a terra e estamos vagando ha dias na floresta... — Enquanto falava foi cortado pelo umini;
— Garridän? E onde fica essa terra?

    Eles estavam perdidos e não sabiam responder a pergunta. Foi aí que então um dos três saqueadores lembrou-se de uma coisa que havia trazido consigo. Ele cautelosamente chamou a atenção dos uminis que estavam armados e tirou de dentro de uma pequena bolsa uma pedra, uma éria brilhante, pequena, que ele escondera quando foi expulso da cidade. Ele a mostrou para o umini, já arquitetando um plano em mente. Seus dois comparsas o olharam espantados com a surpresa.

— Esta pedra vem da minha terra. De onde eu venho tem muito mais dela... — falava enquanto a segurava firmemente em sua mão, com seu braço esticado e erguido na altura de sua cabeça.

    O umini ficou maravilhado. No momento em que bateram os olhos sobre a pedra, todos que ali estavam cercando os saqueadores pararam e começaram a olhar atentamente para a pedra. Ele se aproximou com a éria na mão. O umini que apontava a arma de ferro contra um de seus comparsas começou a se aproximar, com as armas na mão, olhando para a pedra. Os outros dois saqueadores permaneciam estáticos apenas observando. O umini armado guardou uma das armas que carregava e tentou alcançar a pedra com a mão, hipnotizado. Apenas quando sua mão já quase a alcançava, o saqueador rapidamente retraiu seu braço e a guardou novamente na bolsa. Quando a puxou de volta, o umini rapidamente recuou e tomou posição de ataque novamente, apontando a arma contra ele.

— Que elemento é esse que carrega consigo? Dê ele a mim! — Falou fortemente, enquanto ele e todos os outros apontavam as armas novamente contra os três.
— Eu não o darei para você — Os dois o olharam novamente — Mas eu posso guiá-los até o lugar onde terão muito mais do que isso...

    Os dois agora entendiam o plano. O umini retraiu sua arma e fitou os três. Olhava de volta para seus acompanhantes enquanto se decidia.

— Todos nós apenas sairemos ganhando... — completou o umini.
— E o que vocês pretendem ganhar com isso? — Perguntou o umini armado.
— Nós poderemos voltar para a nossa terra.
— E por que necessitas de nossa escolta para adentrar sua terra?

    Foi então que refletiu sobre o que responderia e hesitou continuar. Mas não pode evitar que um de seus comparsas completasse:

— Nós fomos expulsos de lá
— Expulsos? Porque expulsos? — Indagava já com ar de desconfiança dos três.

    O outro não acreditava que ele havia contado. Nervoso, ele completou o que o comparsa havia começado:

— Nós...
— Vocês o quê?
— Nós roubamos essa pedra... Essa e muitas outras do mesmo tipo.

    Quando terminava de falar, um dos uminis armados pulou atrás dele e o rendeu com um das armas no pescoço:

— Eles são saqueadores, ladrões! — Falou enquanto segura o saqueador — Não podemos confiar neles!
— Nós não roubaremos de vocês! Eu juro!
— E por que confiaríamos em vocês agora, seu ladrão? — Perguntou o umini que estava em sua frente com a arma apontada para ele.
— Por que são as pedras a única coisa que nós queremos — Falava com a arma deitada sobre seu pescoço — Nós desejamos essa pedra assim como vocês desejam ela agora...
— E o que te faz pensar que desejamos essa pedra inútil, seu ser estúpido? Eu deveria seguir em frente e matá-los de uma vez.
— Você não pode negar, eu vi em seus olhos... Assim como aconteceu com os meus no momento que há vi a primeira vez...

    O umini armado começava a ceder. No momento em que olhou a pedra pela primeira vez, foi tomado por desejo. O saqueador novamente pegou a pedra em sua bolsa.

— Tome. Esta fica contigo em garantia de minha palavra.

    E ele a pegou. Os outros dois estavam apreensivos com o que viam. O umini armado a pegou em suas mãos e a manuseou estupefato. Seus olhos refletiam o brilho da pedra. Então ele segurou-a firme em suas mãos e voltou seu olhar para o saqueador novamente:

— Eles nos guiarão até esta terra. Amarre-os e traga-os junto de nós — Ordenou aos outros companheiros e completou — Nós encontramos terra nova.

    Muito distantes dali estavam os outros saqueadores na embarcação desconhecida. Eles haviam acabado de abandonar a embarcação roubada e embarcado abordo da outra. Assim que pisaram seus pés nela, o capitão do barco se aproximou dos quatro, molhados e mortos de fome no chão, e indagou-os de onde vinham. Eles contaram que partiram de uma terra desconhecida, que estavam à deriva no mar há dias e que precisavam se alimentar. O capitão do barco logo estranhou o porte e o comportamento dos quatro vindos do outro barco, e então deu ordens para partirem com o barco de volta para o porto. Os quatro se alimentaram lá e foram levados junto ao comandante de volta de onde a embarcação partira. Por mais dois dias viajaram até chegarem à terra firme. E quando chegaram, se surpreenderam com o local. Não era parecido com nada que haviam visto antes. O barco atracava em uma cidade grande, cheia de gente. Assim que o barco atracou e os tripulantes começaram a sair, foram pegos e tiveram suas mãos amarradas por trás de suas costas. Então seguiram todos em frente em direção a uma grande construção que se estendia no meio de uma grande praça. Enquanto cruzavam a praça, os saqueadores, amarrados, com o comandante e os tripulantes segurando-os, eram observados pelo povo na rua, que parava para ver o que acontecia. Eles adentraram o palácio e foram levados até um homem que os aguardava em um grande saguão.

— Senhor Ärgo, trago comigo dois uminis que embarcaram abordo da nárgoma conosco em alto mar — Disse o comandante da embarcação ao que parecia ser o Líder da cidade.

    Ärgo veio em direção a eles e os perguntou:

— Quem são vocês e porque embarcaram junto à Nárgoma?
— Viemos de uma terra próxima desconhecida, senhor — Respondeu o mais próximo deles, sem hesitar.
— Desconhecida... Imagino ser uma terra além de nossa área de exploração... — Comentou consigo mesmo — Há quanto tempo vocês estiveram no mar antes de passar para minha embarcação? — Perguntou enquanto caminhava observando cada um dos saqueadores.
— Passamos cerca de três dias em alto mar, mas não sabemos de que direção viemos porque estávamos perdidos.
— Entendo...

    Ärgo retornou ao salão próximo dali enquanto dava a ordem para o comandante:

— Prenda-os nas celas do palácio. Existe uma nova terra para explorarmos. Eles ficarão nas celas enquanto eu espero o regresso da tropa que partiu para a floresta.

    Na floresta estavam sendo levados os outros três saqueadores, amarrados, pelos uminis que haviam os pego previamente. Eles foram levados junto ao bando que passara apenas momentos antes de serem surpreendidos. Estavam todos acampados na floresta, esperando as próximas ordens do líder daquele bando. Os três permaneceram um tempo presos, sentados no chão, esperando até tomarem alguma iniciativa por lá. Eles viram então o líder deles ordenar que uns companheiros retornassem para a cidade, para avisar do que haviam encontrado. Por um dia e meio esperaram a resposta que estava sendo trazida. Os uminis da tropa saíram montados nos seus tílarons e partiram para a cidade à encontro do Líder.
    Os quatro que roubaram a embarcação ainda estavam presos em uma cela na cidade. Ärgo aguardava sua tropa voltar, quando recebeu a chegada de três soldados seus.

— Senhor Ärgo, nós viemos da floresta trazer a notícia do nosso líder que capturamos três uminis de origem desconhecida. Eles dizem ter vindo de uma cidade próxima que não conhecemos. Eles chamaram-na de Garridän — E completou dizendo o que já haviam extraído dos três, porém não mencionou as pedras porque seu líder não havia os contado.

    Ärgo ficou surpreso e ordenou que trouxessem os outros quatro à presença dele e dos soldados. Os quatro foram trazidos.

— Como vocês a chamavam, a terra de onde vieram?

    Eles se entreolharam, e um deles respondeu:

— Garridän, senhor.

    Ärgo e o soldado se olharam.

— Acho que encontramos alguns amigos seus — Completou Ärgo.

    Um dia e meio depois, avistavam na floresta os soldados chegarem. Eles não vinham sós. Traziam consigo mais outra tropa, todos armados e carregando os quatro outros uminis, e Ärgo, todos montados a tílarons. Chegando lá, o líder da tropa se postou e curvou-se em frente à Ärgo.

— Meu Senhor, o que o trás até nós aqui?
— Chegaram à cidade mais alguns indivíduos de precedência duvidosa, acredito serem amigos dos que vocês capturaram por aqui. Aparentemente temos aqui um grupo de uminis vindos de uma terra perdida por aí nessa floresta. Eles deverão nos guiar até a terra deles. Soldados, temos uma nova missão à frente.

    Nada tinha sido, até então, mencionado sobre as pedras ao Líder nem à nenhum outro soldado. Estava sendo o segredo entre os saqueadores perdidos na floresta e o líder da tropa. Finalmente se encontraram os sete saqueadores novamente. Eles agora tinham o trabalho de regressar até Garridän orientando os uminis da terra desconhecida. O plano dos saqueadores era perspicaz e arriscado, desejavam voltar para se vingar de Tértyr. Assim que se reencontraram, todos ficaram sabendo do plano. Quanto à Ärgo e aos seus soldados, caminhavam a procura de um novo território a ser explorado, assim como vinham fazendo desde os últimos tempos. Seus fins não eram de guerra, porém algo a mais, mais ambicioso e perigoso, movia secretamente parte da tropa que Ärgo guiava.

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